Cléo é uma jovem talentosa, rebelde quase sem causa, cuja beleza da voz sempre seduziu tanto quanto a dos olhos azul-turquesa. A música sempre deu o tom de sua vida, ainda mais quando, com outras amigas lésbicas, formaram a banda Androginia. Ela só não poderia imaginar que os acordes que sempre conduzira com maestria iriam dissonar com a música clássica de Verônica, a tia de Clarissa, sua melhor amiga. Virtuose nata, a bela e madura mulher, depois de perder a companheira de palco e de vida, voltou ao Brasil e decidiu ajudar a banda da sobrinha como produtora musical. Mas se afinar com a vocalista logo se tornaria o maior – e mais sonoro – dos obstáculos. Será que, juntas, apesar das diferenças de personalidade e idade, seriam capazes de reger uma nova sinfonia? É também desta mistura que nos fala Androginia.

No litoral de Alagoas, mais precisamente na Praia de Garça-Torta, contígua à de Riacho Doce, tão conhecida graças a José Lins do Rêgo, existia uma rua de terra vermelha batida, beirando o mar azul, onde duas casas idênticas se avizinhavam. Numa delas, residia Raquel, jovem bióloga marinha, dona de beleza e altivez invejáveis, lésbica assumida, que pagou o preço desde cedo para viver sua orientação sexual com dignidade. Pois fora ali, naquela casinha rústica e preenchida de aconchego em cada espaço, que a moça cuidou de construir um peculiar aquário imaginário, tudo com a finalidade de se proteger das dores, dos amores, das decepções, de alguns percalços. E sua vida seguia assim, blindada, até o dia em que Olívia, médica, careta e casada, veio habitar a casa ao lado, juntamente com o marido, durante aquele que logo se tornaria um inesquecível verão. Assim como Raquel, a bela mulher de pele alva e cabelos acobreados guardava sonhos, segredos e zelos, construind... Leia mais

Duas mulheres com histórias absolutamente distintas se encontram na partitura da vida. Clarice integrava a escala de Sol. Possuidora de beleza verdadeiramente radiosa, noiva em uma relação aparentemente perfeita, seguia dentro dos padrões, firme em cada passo, hétero até os ossos. Até que o destino lhe fez tomar uma decisão e, com ela, acordes absolutamente graves ecoaram, tirando-lhe de prumo, roubando-lhe o rumo, desafinando seu coração. Eleonora integrava a partitura de Dó. Dona de uma vida sofrida, permeada por dramas de família, silenciada por inquietudes do coração, seguia seu caminho repetindo – sem emoção ? os mesmos acordes. Até que o destino lhe trouxe o Sol através de Clarice, nota doce mas, ao mesmo tempo, triste, que fez seu caminho se encher de bemóis e sustenidos, altos e baixos tão próprios da paixão. Tendo as músicas e respectivas letras como conselheiras, as duas mulheres ? Sol e Dó, razão e sofreguidão ? seguem rompendo barreiras, enqua... Leia mais

A vida e o "roteiro" que, por vezes, tentamos dar a ela são peças que geralmente não se encaixam. Antes de descobrimos esse "detalhe", todavia, anos de nossa existência são perdidos, verdadeiramente dizimados, enquanto buscamos, em vão, ajustar o inajustável. Somente depois de muitas perdas, frustrações e sofrimento, percebemos que o "roteiro" que escrevemos para nós ? de maneira bela, simples e linear ? fatalmente será atravessado por um outro elemento, o mais poderoso de todos: o "acaso". Este, impiedoso e arteiro, às vezes traz pioras ao enredo planejado. É verdade. Mas, em muitas outras, pode trazer grandes e preciosas melhoras. Basta que consigamos deixá-lo atuar longe de todos os cenários e desaguar com sua força própria, sem tentar conter as águas. Nelas devemos apenas flutuar, sem predeterminar as falas, os gestos, os conteúdos e formas. E é justamente sobre esse atravessar do "acaso" nos "roteiros" de tantas vidas, de tantos rios, de tantas caminhos ? de... Leia mais

Marília é uma moça introspectiva, arredia e descrente, que forjou sua forte personalidade após ser expulsa da casa dos pais no exato dia em que souberam de sua homossexualidade. Passou então a viver com o avô em uma bela casa em Aldeia, recanto especial onde, apesar das dores do passado, aprendeu a cultivar seus jardins interno e externo. Ao longo dos anos, começa a vencer seus silêncios falando através das flores, que expressam suas inquietudes, arroubos e sonhos. E assim seguia a vida, até o dia em que a visita inesperada ? e inescrupulosa ? do irmão e sua esposa passa a espalhar as pétalas de suas flores e abalar as raízes de suas plantas. A tempestade causada pelos visitantes se torna ainda mais perigosa no instante em que Marília se permite mirar a cunhada por entre as flores: Sarah, uma mulher tão atraente quanto enigmática, poderosa na arte da sedução. Marília só não poderia imaginar que o casal tinha um plano capaz de devastar todos os seus j... Leia mais