A vida e o "roteiro" que, por vezes, tentamos dar a ela são peças que geralmente não se encaixam. Antes de descobrimos esse "detalhe", todavia, anos de nossa existência são perdidos, verdadeiramente dizimados, enquanto buscamos, em vão, ajustar o inajustável.
Somente depois de muitas perdas, frustrações e sofrimento, percebemos que o "roteiro" que escrevemos para nós ? de maneira bela, simples e linear ? fatalmente será atravessado por um outro elemento, o mais poderoso de todos: o "acaso". Este, impiedoso e arteiro, às vezes traz pioras ao enredo planejado. É verdade. Mas, em muitas outras, pode trazer grandes e preciosas melhoras. Basta que consigamos deixá-lo a-tuar longe de todos os cenários e desaguar com sua força própria, sem tentar conter as águas. Nelas devemos apenas flutuar, sem predeterminar as falas, os gestos, os conteúdos e formas. E é justamente sobre esse atravessar do "acaso" nos "roteiros" de tantas vidas, de tantos rios, de tantas caminhos ? de ...
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